quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Regozijo.


Têm dias que são assim, tem dias que me transformam em furacão, em vulcão, na personificação do desastre natural. Desastre da minha natureza. Sim, nesses dias me sinto como o próprio furacão, tenho vontade de deixar estrago por onde eu passar, tenho um desejo que arde e que precisa ser sentido por alguém. Minha maior vontade nesses momentos é andar com todo esse meu desejo, com toda essa minha necessidade de estrago por aí. Não, eu não deixaria pedra sob pedra. Acabaria com tudo a minha volta, arquitetaria coisas novas, paisagens novas. Queimaria tudo, começando pelo meu desejo.

Vejo que a cada passo que eu dou algo irá destruir-se, esvair-se em chamas até tornar-se cinzas e eu me regojizo com isso. Até que tudo caia, que tudo se desfaça, eu não irei parar. Vou queimar tudo, alagar cada centímetro quadrado, levar com minha ventania todas as telhas que cobrem teu falso conforto, tua falsa sensação de proteção.

E que venha a baixo! Que tudo seja destruído, pois essa é minha vontade hoje. Se por vontade de aniquilação essa destruição deva começar por mim mesma, que seja… Eu não irei resistir à desgraça, não irei segurar pilastras, seguirei apenas meus instintos mais primitivos e destrutivos. Serei como animal selvagem em seu instinto mais puro.

Posso ver o brilho do fogo, sentir esse calor que consome minhas vísceras e tudo que eu vejo é destruição. Há uma luz laranja em tudo, há a chuva caindo para lavar toda essa sujeira, para podermos ter mais um início, mais uma purificação.

Vontade que faz minha carne pulsar, implorar por esse descontrole, por essa ruína toda. Só consigo seguir meus instintos, meus instintos urrando por perigo, por tudo aquilo que causa medo e repulsa, por tudo aquilo que é marginalizado, escandalizado, desmoralizado. É por tudo isso que minha carne pulsa… Por desconstrução, aberração. Clamo a tudo que há de devaço e libertino, andem ao meu redor esta noite.

3 comentários:

  1. ei moça!

    casa nova, sentimentos explosivos hein? Gostei muito do texto; achei ótima a forma como deixou bem claro o desejo pela destruição, chamas, desordem, aberração, explosão, liberdade - libertinagem - nem que seja, só por essa noite. A chuva que pode quebrar telhas que, falsamente, trazem sensação de conforto, ela pode purificar - muito bom.

    Esse primeiro texto combinou bem com o nome do blog, com a foto, com tudo.

    bjs

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  2. É lindo e incompreensível como muitas vezes é mais fácil destruir o que nos rodeia, do que confrontar certos conceitos.
    Por parecer confortavel? Por medo do novo?! Quebrar paradigmas pode ser mais doloroso de que se imagina.


    Gosto dos seus textos. :)
    Não passo mais um ano sem me entender com você Nathália.

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  3. Acompanhava você no outro blog, e seus textos são realmente lindos, então te indiquei a um selo, vê lá na página de selos do meu blog :D Beijo :*

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Espero que esteja levando e me trazendo um pouco do intangível!