quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

E eu aqui...



- Tem alguém aí me escutando? Tem alguém aí que entende essa minha vontade pulsante, essa minha vontade inexorável de ir embora? Tem alguém tentando se colocar no meu lugar? Tem... Alguém aí?

Diz a lenda que nós precisamos olhar para dentro, para nós mesmos, mas ultimamente isso se tornou impossível para mim. Eu apenas sei olhar para fora, olhar para muito longe daqui e sentir a linha do horizonte me embalando e me levando embora; tanto faz para onde, mas ela é a única que me carrega para longe, que me coloca na estrada. Não estou falando de emoção, não. Estou falando do físico, estou falando de desejar meu corpo a quilômetros daqui. Longe. O mais longe possível. Vejo conhecidos partindo, vejo aqueles desconhecidos partindo... E eu ainda estou aqui. Dói de pensar essa gente toda subindo em ônibus com destinos distintos e indo embora daqui. E eu... E eu aqui.

Há mais de dois anos atrás eu escutei uma música que dizia: “eu me sinto um estrangeiro, passageiro de algum trem que não por aqui (...)”. Bem, isso não mudou. Tentei me encaixar aqui, me apertar ali... Mas não, não deu. Preciso ser estrangeira em terra estrangeira, essa história de ser forasteira em minha terra natal já me cansou, já me estagnou há muito, muito tempo.

Eu vou, eu vou embora. Espero que seja daqui um mês, no máximo. Pois mais um ano aqui, sem dúvidas, irá me consumir como uma doença degenerativa. Essa doença tem sintomas iniciais como vontade incontrolável de ficar sozinha, vontade incontrolável de comprar uma mochila bem grande e desejo inexorável pelo absurdo desconhecido. Estou doente. Mas... E a cura?

- Ahh, a minha cura também tem nome, também possui localidade e está fora da Depressão Periférica Paulista.


Like a foreign. Até quando?



7 comentários:

  1. Nossa... faço minhas suas palavras. Sei exatamente o que quer dizer. Estrangeiro em terra natal, estrangeiro físico e emocional, estrangeiro e desconhecido em si. É uma solidão gigantesca, que consome e aterroriza ao esticar seus longos e finos dedos ao nosos redor. Para mim, por muitas e muitas vezes, a solução ou, a cura, sempre parece ser viajar; cair na estrada - céu ou mar. Terras, pessoas, bares, cafés e culturas diferentes. Tanta coisa aí fora..acho que é uma boa solução para tal sufocamento. Me dá uma sensação do tipo ''recomeçar''... o longe, longe, distante, é muito atrativo.

    (linda foto)

    bjs

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  2. Flor, só agora vi seu blog novo :)
    Já linkei!
    E, assim com a Letícia, 'te entendo, e como...'

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  3. Caraca,que forte.
    Eu tbm pensou em ir embora ,e como imagino o meu corpo a quilômetros daqui , como imagino, porque chega uma hora que aqui cansa , se torna uma monotonia infernal e pra recuperar as forças tem que sair ,meu prazo de validade já venceu aqui e como já disseram é como se fosse uma necessidade de recomeçar e o distante é sempre mais atrativo.
    __________________

    beijos , adorei o texto.

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  4. Como entendo essa sua vontade.
    Sobre a escrita, dispensa meus comentários...
    Vou dizer apenas que... está linda a(na) foto. ;)

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  5. minha nossa... como pode alguém tão longe ter sentimento tão parecido? sofro com isso também. sem lugar pra mim aqui e vontade de ir, mas pra não sei onde. parece confuso, mas acredito ser humano. bom texto!

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  6. hoje vim ver seu blog e me arrepiei. a vontade da fuga não é só sua menina, nem é só minha.to falando disso no ultimo post.

    ps: e bem me disseram um dia desses, o desespero vai te acompanhar em qualquer lugar.

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Espero que esteja levando e me trazendo um pouco do intangível!