sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Macarrão Instantâneo.



Quanto poderia pesar o ar? Naquele momento eu não sabia, mas empregnado de dor, a umidade daquelas lágrimas deixava o ambiente tão denso, quanto irrespirável, o sofrimento era quase palpável.
O pior... O pior é que aquelas pessoas, aquelas todas, escolheram o meio que roubava com uma pequena faca, pouco afiada, tiras de couro das costas daqueles guerreiros. - A pequenha faca pouco afiada? Para prolongar o sofrimento e, principalmente, a dor.
Lamentáveis aqueles seres, eram três, ao menos, com existências atormentadas por diversas razões, mas em comum havia o vício. E não, não era o tabaco ou o álcool, mas sim a dor.
O que podia ser houvido era insignificante, os utensílios de metal a chocar-se da panela aos dentes, dos dentes ao prato. E além do visível, havia aquele gosto de sal das lágrimas, o tempero do macarrão instantâneo e confissões, confissões audíveis ou não; apenas sabe-se que haviam muitas delas. Em cada garfada indo à boca, em cada olhar murcho, inchado de sal. Ah, e a dor... A do dor ultrapassava o reino do tangível e sofrimento, então, transpassava o reino intangível.
Patéticos seres de carne, osso, coração e sonhos. Insípidos os seres desprovidos das desproporções dos sonhos; estes seres, sim, são lamentáveis.

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Triste, sim. Mas precisava sair do reino tangível do papel.

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Espero que esteja levando e me trazendo um pouco do intangível!